Cirurgia ortognática

Cirurgia ortognática é um procedimento que tem o objetivo de corrigir o posicionamento dos maxilares (mandíbula e maxila), promovendo assim, adequada mordida e estética facial. Dentre as principais indicações estão a classe II  (queixo pequeno), classe III (queixo grande), assimetria facial e sorriso gengival.

A cirurgia ortognática é um procedimento complexo de se realizar e de se planejar.

O que é cirurgia ortognática?

Esse é mais um dos procedimentos que o cirurgião bucomaxilofacial, tem no seu arsenal para resolver uma série de problemas que acomete a face.

Alguns desses problemas estão relacionados ao crescimento excessivo ou deficiente dos maxilares, chamados de deformidades dentofaciais.

Essas alterações no crescimento podem levar a problemas na mordida, nas articulações, na respiração e na estética facial.

Dessa forma, por corrigir tanto problemas funcionais, quanto estéticos, ela é definida como cirurgia estético-funcional e tem como princípios básicos corrigir a oclusão (encaixe dos dentes) e colocar a maxila e a mandíbula na posição mais adequada.

Indicações

Assim como todo procedimento cirúrgico, a ortognática tem indicações precisas que devem ser seguidas para se evitar subtratamento (tratamento insuficiente) ou sobretratamento (excesso de tratamento).

Como citado anteriormente as pessoas que se beneficiam desse procedimento são aquelas que possuem alterações no crescimento ósseo dos maxilares.

Essas alterações podem ser classificadas de diversas formas, tais como: pelo perfil facial, encaixe dos dentes (mordida) ou pelo tipo de crescimento ósseo (excessivo ou deficiente).

Classificação pela mordida: classe I, classe II, classe III, mordida aberta, mordida profunda e mordida cruzada.

Classificação pele tipo facial: perfil facial tipo I, perfil facial tipo II, perfil facial tipo III, face longa e face curta.

Classificação pelo crescimento ósseo: retrognatismo, prognatismo, assimetria facial e sorriso gengival.

  • Retrognatísmo = deficiência de crescimento
  • Prognatísmo = excesso de crescimento
  • Assimetria facial = crescimento assimétrico de um dos lados
  • Sorriso gengival = crescimento excessivo da maxila no sentido vertical

Tanto o retrognatismo, quanto o prognatismo, podem acontecer na maxila ou na mandíbula.

Agora que você já entendeu os diferentes tipos de classificação, vamos entender como eles podem se relacionar.

O perfil facial tipo I e a mordida em classe I, são os objetivos de toda cirurgia ortognática. Esse é o padrão mais harmônico da face e a forma correta de encaixe dos dentes.

Por outro lado, o perfil facial tipo II normalmente é acompanhado de uma mordida também em classe II e tem como principal característica o queixo pequeno (retrognatismo mandibular).

Enquanto o perfil facial tipo III é também acompanhado por uma mordida em classe III, tendo como característica marcante o excesso de queixo (prognatismo mandibular).

Já a assimetria facial, normalmente apresenta mordida cruzada de um dos lados, associada ou não com o prognatismo mandibular.

As demais classificações são menos frequentes e podem apresentar diversas combinações entre elas.

Tipos de cirurgia ortognática

Por ser um termo comum na internet, eu o adotei nesta seção para falar sobre as possibilidades e objetivos dessa cirurgia nos diferentes tipos de perfis faciais.

Dessa forma, para facilitar a organização dos tópicos vou utilizar a classificação da oclusão (mordida) que vimos anteriormente, já que na maioria dos casos o perfil facial segue a mesma alteração que os dentes apresentam.

Classe I

Nesse caso a mordida está ideal, mas há um problema no posicionamento dos maxilares, que podem ser os seguintes:

  • Dentes superiores são pouco visíveis no sorriso
  • Boa parte da gengiva é visível no sorriso além dos dentes superiores (sorriso gengival)
  • Os maxilares estão posicionados muito para trás (retrognatismo maxilomandibular)
  • Maxilares estão posicionados muito para frente (prognatismo maxilomandibular)
  • Deficiência na região do queixo

Considerando que o encaixe dos dentes nesse caso já é o ideal, a cirurgia necessariamente precisaria abordar tanto a maxila, quanto a mandíbula para resolver a maioria desses problemas.

Dessa forma, colocando os ossos na posição correta sem mudanças na mordida.

Entretanto, nos casos em que os ossos estão em uma posição aceitável e há uma deficiência localizada apenas no queixo é possível a resolução do problema, com uma cirurgia chamada mentoplastia, que vou comentar mais adiante.

Classe II

Esse caso é aquele em que a falta de queixo (retrognatísmo mandibular) é um sinal marcante.

Portanto, com a mandíbula posicionada mais para trás do que a maxila, o rosto adquire um perfil convexo, semelhante a parte externa de uma colher.

Além disso, queixas respiratórias são frequentes nesse perfil facial, pois o retrognatismo mandibular causa diminuição do espaço aéreo superior.

Em outras palavras, fica mais difícil do ar passar e chegar aos pulmões.

Por esse motivo, os classe II possuem maior tendência de desenvolverem a chamada Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS).

Essa combinação de problemas estéticos e funcionais, faz do perfil facial tipo II um forte candidato a cirurgia ortognática.

Nesse caso o planejamento da cirurgia, em sua grande parte, pode seguir 3 caminhos bem distintos, dependendo da dimensão da deformidade e da expectativa do paciente.

São eles:

  1. Operar a maxila e a mandíbula: essa opção é utilizada para se obter o melhor resultado estético-funcional, quando além do retrognatismo mandibular a maxila não está bem posicionada, por exemplo, excesso de exposição da gengiva no sorriso.
  2. Operar só a mandíbula: quando a maxila está bem posicionada e o problema está somente na mandíbula.
  3. Operar apenas a maxila: quando a mandíbula está bem posicionada e o problema está somente na maxila.

Além disso, todas as possibilidades acima, podem ser acompanhadas de uma cirurgia no queixo (mentoplastia).

Essa cirurgia no queixo, tem por objetivo na maioria dos casos refinar o resultado estético-funcional da ortognática. Contudo, em raras exceções é possível a correção de leves imperfeições realizando apenas a mentoplastia.

Entretanto, é importante ressaltar que a cirurgia na classe II, assim como nos outros tipos de deformidades dentofaciais, podem objetivar a correção de muitos outros problemas além dos citados aqui.

Classe III

O perfil facial tipo III tem como característica marcante o excesso de queixo, muitas vezes chamado de queixo grande ou queixo proeminente.

Nesse caso, a mandíbula está localizada bem mais a frente (prognatismo mandibular) do que a maxila, dando ao perfil um aspecto côncavo, parecido com a parte interna de uma colher.

Esse perfil facial, na maioria das vezes está carregado de preconceitos que dificultam o convívio social dos prognatas.

Além disso, atividades rotineiras como morder alimentos com os dentes da frente, que para maioria das pessoas é algo comum, para a classe III é impossível.

Esse problema funcional e tantos outros associados a estética, fazem da classe III uma das indicações cirúrgicas da ortognática.

Assim como na classe II, o planejamento pode seguir 3 caminhos básicos:

  1. Operar maxila e mandíbula: casos em que a diferença entre a maxila e a mandíbula são muito grandes ou há mal posicionamento de ambos os ossos;
  2. Operar só a mandíbula: discrepâncias menores, em que a maxila está bem posicionada;
  3. Operar apenas a maxila: apesar de aparentemente a mandíbula estar para frente, o problema está no posicionamento da maxila.

Todas as possibilidades podem ser acompanhadas de uma mentoplastia para refinamento do resultado.

Entretanto, há uma infinidade de problemas que podem ser corrigidos na classe III além das citadas acima.

Sorriso gengival

Esses são os casos em que há um excesso de exposição da gengiva dos dentes superiores durante o sorriso.

Contudo, apenas o fato de expor mais gengiva do que o normal no sorriso não é indicativo da necessidade de cirurgia nos maxilares.

Isso, porque há basicamente 3 causas do sorriso gengival e para cada uma, há um tratamento específico.

As principais causas do sorriso gengival, são:

  1. Devido à contração excessiva dos músculos que levantam o lábio superior (hiperfunção muscular);
  2. Dentes superiores cobertos por mais gengiva que o ideal (erupção passiva alterada);
  3. Crescimento da maxila além do normal (excesso vertical de maxila).

Em alguns casos pode haver a combinação das causas, como por exemplo, hiperfunção muscular associado aos dentes superiores cobertos por mais gengiva que o ideal. Necessitando, portanto, de intervenções combinadas.

Dessa forma, dos diferentes motivos para o sorriso gengival, apenas o último (excesso vertical de maxila) é uma das indicações para cirurgia ortognática.

As demais causas podem ser tratadas com toxina botulínica (por exemplo, Botox®) ou cirurgias menos invasivas, como técnicas de gengivoplastia.

No que se refere a cirurgia nos maxilares para correção do sorriso gengival, essa segue basicamente as 3 opções cirúrgicas citadas anteriormente para a classe II e classe III, associada ou não com mentoplastia.

Assimetria facial

Antes de mais nada, entenda que as assimetrias podem ser causadas por vários motivos, dentre eles: alterações no crescimento ósseo benignas, tumores e infecções.

Portanto, caso note um crescimento rápido, acompanhado ou não de dor, procure um cirurgião bucomaxilofacial o quanto antes para diagnóstico e tratamento necessário.

Dessa forma, podemos então selecionar e falar sobre as assimetrias faciais que possuem indicações para cirurgia ortognática.

Nesse sentido, as características mais comuns desses casos, são as assimetrias que se desenvolveram lentamente, ao longo de anos.

Em alguns casos, iniciam-se ainda na adolescência e desenvolvem até por volta dos 20 anos de idade, quando geralmente estabilizam.

Elas são causadas na sua maioria por uma alteração no crescimento da mandíbula, que faz uma parte crescer mais do que a outra, tornando visivel o desvio do queixo para um dos lados.

Esses crescimentos podem se limitar a uma pequena parte da mandíbula (côndilo mandibular) ou se estender até a metade desse osso.

Além da alteração óssea, como resultado de um crescimento lento e progressivo, há também alterações nos músculos, pele e outras estruturas como o nariz.

Tudo isso torna ainda mais desafiador a obtenção de resultados estéticos perfeitos, apenas com a correção dos maxilares.

O planejamento nesses casos, geralmente incluem a cirurgia tanto da maxila quanto da mandíbula, tendo em vista que o crescimento mandibular ao longo dos anos altera também o posicionamento da maxila.

Além disso, é possível que em alguns casos sejam necessários uma abordagem cirúrgica da articulação temporomandibular (ATM).

Portanto, as assimetrias faciais são verdadeiro desafios. Já que o principal objetivo da ortognática é tornar o rosto simétrico e harmônico.

A partir de qual idade pode ser realizada a cirurgia ortognática?

Os estudos demonstram que é seguro realizar a cirurgia ortognática após o surto de crescimento ósseo.

Geralmente, esse surto tende a acontecer mais cedo no gênero feminino, por volta de 10 – 12 anos de idade, enquanto que no gênero masculino, ele ocorre entre 12 – 15 anos de idade.

Entretanto, quando se opta por realizar a cirurgia na fase da adolescência deve-se levar em consideração outros fatores, tais como:

  • Erupção (“nascimento”) de todos os dentes
  • Tempo para o preparo ortodôntico pré-operatório
  • E na minha opinião um dos mais importantes que é a maturidade desse adolescente para compreender a cirurgia

Portanto, a indicação cirúrgica deve levar em consideração muitos outros fatores além da idade e analisar o cenário como um todo.

Por esses motivos, acredito que de maneira geral o momento mais oportuno é a partir dos 17 – 19 anos de idade.

Preparo ortodôntico para cirurgia

Uma das maiores dúvidas dos pacientes é a respeito da necessidade do aparelho ortodôntico para ortognática.

E invariavelmente sempre surge a pergunta – É realmente necessário?

Sim, o aparelho ortodôntico é fundamental em todas as fases do tratamento. Ele é útil no pré, trans e pós-cirúrgico e vou te explicar porque.

Fase pré-cirúrgica: nessa etapa o aparelho ortodôntico será utilizado para alinhar e colocar os dentes na melhor relação possível com o osso em que eles estão inseridos.

Dessa forma, os dentes superiores são corrigidos em relação a maxila e os dentes inferiores em relação a mandíbula.

Para que dessa forma, o encaixe dos dentes seja obtido durante a cirurgia.

Essa fase de preparo ortodôntico pré-cirúrgico é também chamada de descompensação ortodôntica e dura em torno de 6 meses a 1 ano e meio.

Fase trans-cirúrgica: durante essa fase o aparelho é utilizado para manter os ossos na posição desejada, travando os dentes a um guia cirúrgico.

É ele quem irá manter o osso estabilizado enquanto são fixados as placas e parafusos.

Fase pós-operatória: nessa etapa o aparelho ortodôntico é utilizado para refinar o encaixe dos dentes (oclusão), ajustando detalhes que antes da cirurgia não foram possíveis de serem realizados.

Essa fase dura em torno de 6 meses a 1 ano, a depender de como estava o preparo ortodôntico pré-cirúrgico.

Portanto, o aparelho ortodôntico é de fundamental importância durante todo o tratamento.

Benefícios da cirurgia ortognática

Geralmente os benefícios que são mencionados em relação a essa cirurgia se restringem a melhora da oclusão (mordida) e da estética facial. Mas será que são apenas essas as melhorias desse procedimento?

Sem dúvida, esses são grandes benefícios e o objetivo da maioria dos pacientes que procuram tratamento, mas os ganhos não param por aí.

Além desses, a melhora da qualidade respiratória, elevação da autoestima e a possibilidade de melhora de dores faciais, são outros ganhos que o reposicionamento adequado dos maxilares pode promover.

No que se refere a qualidade respiratória, essa cirurgia é uma das alternativas de tratamento para quem tem a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), também simplesmente chamada de Apneia do Sono. Nesse sentido, quem respira e dorme melhor tem benefícios em outros aspectos, como melhora da qualidade de vida.

Além disso, devido à melhora na estética facial, pessoas que antes tinham baixa autoestima geralmente melhoraram seu convívio social, gerando, portanto, benefícios psicológicos.

Contudo, um grande engano que há em relação a esse procedimento é a afirmação de que o procedimento irá melhorar com certeza as dores faciais, o que não é verdade.

Há sim uma POSSIBILIDADE de melhora, bem como pode acontecer uma piora dos sintomas. Os estudos, até o presente momento, mostram que NÃO é possível afirmar e correlacionar que a ortognática irá curar as dores faciais e/ou articulares.

Portanto, podemos citar como principais benefícios dessa cirurgia, os seguintes:

  • Melhora da qualidade respiratória pelo nariz
  • Elevação da auto estima
  • Possibilidade de melhora das dores musculares e articulares da ATM (articulação temporomandibular)
  • Melhor harmonia facial
  • Face simétria
  • Melhor encaixe dos dentes
  • Sorriso mais harmônico

Como é feita a ortognática?

A ortognática traz benefícios tão grandes que é difícil para quem nunca viu a cirurgia acreditar que é tudo realizado por dentro da boca. É isso mesmo que você leu, toda a cirurgia é realizada por dentro da boca.

Esse é um dos benefícios dessa técnica, pois por esse acesso, conseguimos chegar até a mandíbula e a maxila, realizar os cortes nesses ossos, movimenta-los e fixa-los na posição que foi planejada.

Para ficar mais fácil a compreensão, vou descrever um passo-a-passo simples e objetivo de uma cirurgia bi-maxilar (ou seja, situação na qual é operado a mandíbula e a maxila na mesma cirurgia).

Passo 1 – São realizadas incisões na mucosa por dentro da boca para se chegar na mandíbula

Passo 2 – O osso da mandíbula é então cortado e fica livre para movimentação com os dentes, enquanto a maxila continua intacta (sem cortes)

Passo 3 – Esse osso é levado na posição planejada usando como referência um guia cirúrgico onde os dentes encaixam

Passo 4 – A mandíbula é imobilizada nessa posição usando placas e parafusos de titânio

Passo 5 – Os cortes são então realizados no osso da maxila e ela fica livre para movimentação

Passo 6 – A maxila é levada na posição planejada e fixada com placas e parafusos de titânio

Passo 7 – Os cortes na mucosa são fechados com pontos (sutura).

Esse é um passo-a-passo básico para você compreender melhor como é realizado esse procedimento.

Onde é realizada a cirurgia?

A ortognática é realizada no hospital, no centro cirúrgico e sob anestesia geral.

Dessa forma o paciente não vê nada durante o procedimento e geralmente quando acorda e retoma a consciência, já está na recuperação pós anestésica ou mesmo no quarto.

Qual profissional realiza a ortognática?

A cirurgia ortognática assim como outras realizadas na face e na boca é de competência do cirurgião bucomaxilofacial.

Essa que é uma especialidade da odontologia, é uma das poucas com formação em regime de residência hospitalar com carga horária e vivência equivalente as residências da medicina.

São 3 anos de dedicação exclusiva e mais de 8000 horas vivenciando dentro do hospital não só a ortognática, como também traumas faciais, cirurgias reconstrutivas, remoção de tumores e muitos outros procedimentos realizados na face.

Além disso, vários são os cursos e o estudo de uma série de livros e artigos científicos, para acompanhar a evolução dessa cirurgia que há mais de 4 décadas é realizada no mundo inteiro e passou por várias mudanças até os dias de hoje.

Não só mudanças na técnica cirúrgica, como também no planejamento e execução. Modificações essas que ocorreram, dentres outros motivos, para acompanhar as tendências e conceitos de beleza atuais.

Portanto, pesquise, converse, procure informações do profissional que você vai confiar seu caso e não generalize os resultados de um profissional como sendo o de todos.

Pós-operatório

O pós-operatório da cirurgia ortognática é muito variável em cada caso. Entretanto, depende basicamente da extensão da cirurgia e de como o paciente lida com as limitações pós-cirúrgicas.

Contudo, de maneira geral o pós-operatório da primeira semana costuma ser os dias mais difíceis, pois o inchaço e a limitação de abertura de boca, dificultam a higienização e ingestão de alimentos.

Chegada a segunda semana, o inchaço começa a diminuir, a respiração pelo nariz melhora e a higienização já começa a ficar mais fácil.

Próximo de 1 mês pós-cirúrgico, boa parte do inchaço já regrediu e os incomodos geralmente são relacionados ao uso dos elásticos utilizados para manter e guiar a mordida.

Dúvidas frequentes no pós-operatório

Quanto tempo dura o inchaço?

O inchaço é dependente do trauma cirúrgico, mas geralmente 80-90% regride nos primeiros 30 dias após a cirurgia.

Contudo, o resultado final da ortognática pode demorar de 6 meses a 1 ano, após passado toda a fase de cicatrização, regressão do inchaço e remodelação da fibrose que fica nos tecidos.

O que comer no pós-operatório?

Primeiramente, é importante lembrar que no pós-operatório imediato é fundamental a ingestão estrita de uma dieta líquida/pastosa nos primeiros 10 – 15 dias.

Dessa forma, além de não traumatizar a região que foi operada, os alimentos dessa consistência facilitam a higienização, já que os resíduos são mais fáceis de remover.

Durante esse período é normal sentir fome várias vezes ao dia, já que os alimentos são digeridos mais rapidamente, por isso se prepare para fazer mais refeições.

De maneira geral a dieta pastosa será mantida até o 30º dia pós-operatório, sendo aumentada gradativamente a consistência dos alimentos após esse período.

Logo, quando chegado os 4 – 6 meses após a cirurgia ortognática é possível retornar a ingestão dos alimentos para a mesma consistência previamente ao procedimento.

Além disso, é normal sentir que está com menos força para morder, portanto, mais um motivo para o retorno gradual.

Por fim, sempre priorize as instruções do seu cirurgião, já que as orientações que estou passando aqui são genéricas.

Quais os cuidados pós-operatórios?

Os cuidados pós-operatórios incluem:

  • Orientações da dieta como descrito anteriormente (líquida/pastosa nos primeiros 30 dias)
  • Manter-se bem hidratado (tomar água)
  • Higienização da região dos pontos com soluções antissépticas, como clorexidina 0,12% e escovação dos dentes
  • Uso de protetor solar no rosto e pescoço, principalmente na região com hematomas
  • Evitar esforços físicos nos primeiros 30 dias e retornar progressivamente (evitar esportes de contato, como por exemplo, judô, voleibol, futebol…)

Sentir dor na ATM no pós-operatório é normal?

Dores na articulação temporomandibular costumam acontecer após a cirurgia ortognática, tendo em vista que é um procedimento demorado e demanda muito da articulação temporomandibular em alguns passos.

Entretanto, dores persistentes, como por exemplo, mais de 10 dias após a cirurgia devem ser investigadas.

Procure seu cirurgião bucomaxilofacial.

É normal sentir dor de ouvido após a cirurgia?

As dores na região do ouvido após a cirurgia ortognática geralmente estão relacionadas com as mesmas dores da ATM citadas anteriormente e devem seguir as mesmas orientações.

Quanto tempo devo ficar de repouso?

Recomendo um repouso absoluto em casa, por pelo menos 7 dias. Contudo, isso é muito variável de indivíduo para indivíduo.

O importante é ter em mente as recomendações e cuidados pós-operatórios citadas anteriormente.

Quantos dias de atestado?

Basicamente quem dita os dias de atestado são as condições clínicas do paciente para retornar as suas atividades no trabalho.

Entretanto, na maioria dos casos 30 dias de atestado são suficientes para o retorno ao trabalho. Mas há exceções.

Quanto tempo leva a cicatrização?

O processo de cicatrização é dinâmico e leva em consideração alguns fatores, como: higienização da ferida cirúrgica, imobilização dos ossos cortados e condições fisiológicas do indivíduo.

Portanto, é de fundamental importância seguir as orientações do cirurgião no que se refere principalmente a higienização, cuidados para não sofrer impactos na região e uma boa alimentação.

Em condições normais, a mucosa cicatriza em até 14 dias e os ossos já possuem um calo ósseo com aproximadamente 30 dias, entretanto, o processo de cicatrização óssea acontece ativamente nos 6 meses pós-cirúrgicos.

Quanto tempo demora para terminar a parestesia?

A perda de sensibilidade (parestesia) decorrente da cirurgia ortognática é uma das maiores dúvidas e a complicação mais frequente do procedimento.

De maneira geral ela é dependente do comprometimento do nervo durante a cirurgia.

Portanto, quando os nervos tem sua integridade preservada a recuperação tende a ser melhor.

Entretanto, praticamente 100% dos pacientes terminam a cirurgia com parestesia em toda região operada.

Essa perda de sensibilidade é transitória na maioria dos casos e tende a retornar gradativamente nos primeiros 6 meses, com possibilidade de melhora em até 1 ano.

Contudo, algo em torno de 20% dos pacientes ficam com perda de sensibilidade em alguma região do queixo e lábio inferior (quando operado a mandíbula).

Desses 20% uma pequena minoria tem o que chamamos de parestesia total em toda essa região.

Por outro lado, a região do lábio superior, nariz e bochechas a parestesia permanente não é normal, retornando em praticamente 100% dos casos e em menos tempo (alguns casos antes de 30 dias pós-cirúrgico).

Obs: não confundir parestesia (perda de sensibilidade; sensação do toque) com paralisia (perda de mobilidade), já que o nervo dessa última alteração não está relacionado diretamente com a cirurgia ortognática.

É normal sentir uma sensação de choque no pós-operatório?

Sensações como choques, queimação e ardor, são normais e de certa forma bons sinais.

Tendo em vista, que essas sensações podem indicar que os nervos estão retornando a sua função normal e, portanto, a chance de parestesia permanente tende a diminuir.

Quanto custa a cirurgia ortognática?

Os custos envolvidos na cirurgia ortognática em sua maior parte são cobertos pelos planos de saúde com cobertura hospitalar.

Portanto, gastos com internação, medicações hospitalares, materiais usados durante a cirurgia, são todos pagos pelo convênio.

Entretanto, alguns custos que envolvem a equipe cirúrgica (cirurgião, primeiro auxiliar, segundo auxiliar, instrumentadora e anestesista), podem gerar honorários que são pagos pelo paciente ou pelo reembolso dos convênios que tem essa opção.

Esses custos podem variar entre 10 e 40 mil reais, a depender do tipo de cirurgia e tamanho da equipe.

Riscos da cirurgia

Que a cirurgia ortognática pode transformar uma vida para melhor isso realmente é indiscutível. Mas será que esse é um procedimento sem riscos?

Não, assim como qualquer outra cirurgia, esse procedimento tem seus riscos e possíveis complicações.

Dentre as possíveis complicações, a mais frequente é a perda de sensibilidade (parestesia) da região do queixo e lábio inferior, que pode acontecer em aproximadamente 20% das pessoas que necessitam operar a mandíbula.

Apesar dessa porcentagem, apenas uma pequena parcela desses 20% tem de fato a perda de sensibilidade total, sendo na maioria dos casos parestesias em pequenas regiões do lábio e do queixo.

Não confundir perda de sensibilidade (sensação do toque) com paralisia (não conseguir movimentar o lábio).

O nervo responsável por fazer o lábio movimentar é outro.

Além da parestesia, outros transtornos comuns que podem acontecer, são:

  • Lesão a raízes de dentes;
  • Trauma no lábio, língua e gengiva;
  • Fraturas ósseas indesejadas (menos frequente).

Apesar da ortognática ter seus riscos, os mais graves não estão associados ao procedimento propriamente dito, mas sim aos riscos inerentes de qualquer cirurgia realizada sob anestesia geral.

Contudo, a anestesia geral hoje é um procedimento muito seguro em que o paciente fica totalmente monitorado durante todo o procedimento.

Além disso, previamente a cirurgia são solicitados exames e avaliações cardiorespiratórias, para que o paciente seja submetido ao procedimento em condições seguras.

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